São Paulo, Brasil
Foi a vitória mais importante do São Paulo em 2023.
Se no jogo eliminatório, das quartas-de final do Paulista, diante do Água Santa, houve o fracasso, Rogério Ceni trabalhou de maneira completamente diferente.
Com coragem, e sem seus dois principais jogadores, Calleri, recuperado de contusão, mas suspenso, e Galoppo, recém-operado do joelho, o treinador aproveitou as três semanas sem partidas oficiais.
E preparou com esmero o São Paulo para o confronto contra o Tigre, pela Sul-Americana, ontem em Buenos Aires.
Mudou radicalmente o 4-4-2 contra o Água Santa.
E mostrou que, com três zagueiros, Arboleda, Alan Franco e Beraldo, o time ficou muito mais seguro. E com um meio-de campo pegador e ágil nos contragolpes: Nathan, Mendez, Nestor, Rato e Michel Araújo, conseguiu tirar a iniciativa dos raivosos argentinos, que ainda se lembravam da final da Sul-Americana de 2012.
Na decisão, os jogadores do Tigre se envolveram em violenta briga com os seguranças do São Paulo e não voltaram para o segundo tempo no Morumbi. Mas já perdiam por 2 a 0.
No ataque do São Paulo, ontem, David e Erison, que marcou os dois gols da vitória.
O resultado foi importantíssimo para a autoestima do elenco, muito abalada, com a eliminação para o Água Santa.
E mesmo para Rogério Ceni, que estava cada vez mais questionado, pelo mesmo grupo político que apoia o presidente Julio Casares, responsável por sua contratação.
Ceni, que busca a formação ideal para o São Paulo, desde o início do ano, houve a necessidade de uma atitude que ensaiava faz tempo.
Deixar Luciano no banco de reservas.
O jogador pediu para não atuar como atacante. Ceni tentou colocá-lo como meia-atacante. Mas o resultado foi muito ruim. Para o futebol de Luciano e do time.
Depois de muito insistir, Ceni tomou a decisão.
E ele passou a ser reserva no São Paulo.
“O Luciano não gosta desta função de 9. Ele gosta de jogar mais solto, se você chegar para ele e falar que ele vai entrar na área e jogar com 2 pontas abertos, ele não se sente à vontade, confortável”, dizia Ceni, que tentou ao máximo fazer com que ele fosse o jogador que ligaria o meio-campo a um jogador velocista e um definidor. Até se convencer que ele não tem talento para essa posição tão específica.
Com a volta de Calleri, tudo ficará ainda mais difícil para Luciano. Ele ficará na reserva, brigando com Erison, pela chance de jogar na frente. Simples assim.
“Treinamos o sistema desde a saída, infelizmente, do Campeonato Paulista. Com a volta do Arboleda e o Diego prestes a voltar, além do Rafinha que pode executar a função, optamos por três zagueiros.
“Estudamos o Tigre, tivemos mais tempo de observação desde o sorteio fizemos essa formação. Achei o David e o Erison ideais com o Calleri suspenso. São jogadores fortes, de atacar o espaço, como foi no primeiro gol, numa bola enfiada com espaço e perna boa do Erison. Luciano é mais entrelinhas, de flutuação, e David e Erison são mais de atacar linhas.
“Acho que a escolha se mostrou boa. Erison fez dois gols, David criou bastante, ajudou muito, Michel e Nathan chegaram bastante e Nestor e Mendes tentando armar pelo meio, com o Rato.
“Entendemos que poderíamos levar vantagem assim, com a velocidade dos dois (David e Erison)”, dizia, animado, Ceni, como há muito tempo não se mostrava.
Com segurança reforçada e ônibus sem identificação, o São Paulo não sofreu a temida revanche dos torcedores do Tigre, ainda revoltados com a decisão da Sul-Americana de 2012.
A situação bizarra foi que vândalos infiltrados nas organizadas do Tigre acertaram uma tijolada no ônibus do próprio time argentino, que confundiram com o do São Paulo.
Foi necessário aviso dos jogadores nas redes sociais que os vândalos escolheram o ônibus errado.
Surreal.
A próxima partida será contra o Botafogo, na estreia do Brasileiro, dia 15, no Engenhão, no Rio de Janeiro.
Até lá, Calleri, Rafinha e Diego Costa deverão reforçar o time.
O Tigre outra vez fez muito bem ao São Paulo…