São Paulo, Brasil
William não quer voltar nunca mais ao Brasil.
Ele e sua família foram ameaçados de morte, no ano passado. O motivo era a péssima campanha do Corinthians.
Ficou traumatizado com o clima de violência, de ódio.
Ele havia voltado para o clube que o lançou em agosto de 2021. O meia/atacante acreditou nas promessas do presidente Duílio Monteiro Alves da montagem de um grande time. Que brigaria por títulos, principalmente, pela Libertadores de 2022.
Só que a ‘grande equipe’ não deu liga. Renato Augusto, Róger Guedes, Paulinho, Ivan, Balbuena, Robson Bambu, Rafael Ramos, Bruno Melo, Maycon, Fausto Vera, Yuri Alberto e Júnior Moraes.
E os jogadores consagrados como ele e Cássio receberam ameaças de morte.
O que assustou profundamente a esposa de William, que viu seus filhos serem ameaçados também. Daí a decisão radical, já que a família vive ótima situação financeira, por conta da carreira vitoriosa de William, com passagens por Shakhtar Donestk, Anzi, Chelsea e Arsenal.
Além de Seleção Brasileira.
“Não quero voltar para o Brasil, nunca mais!
“Eu já tinha esse pensamento desde antes do Corinthians. Acabou acontecendo uma situação de voltar para o clube onde eu comecei porque eu quis e o Corinthians também, mas eu já pensava em continuar até o fim na Europa.”
“É um assunto complicado porque quando você critica o jogador na bola, você fala que ele não foi bem, isso acontece. Jogador não é uma máquina, também vai ter os dias bons e ruins. Só que às vezes os torcedores não aceitam os dias ruins.
“O que eu vejo no Brasil é uma pressão às vezes desumana, que leva para a base da violência, ameaça à família, aos filhos… quando toca nessa parte, para mim, já muda. Tenho que preservar a minha família, é meu bem mais precioso.”
As declarações claras, em entrevista ao site oficial da Premier League, choca.
O ‘nunca mais’ é real por conta das ameaças, do medo de sequestro.
E também porque o seu plano esportivo deu completamente errado.
Ele sonhava em disputar a Copa de 2022. Estava muito mal no Arsenal. Sabia da força de massa que o Corinthians possui. É a segunda maior torcida do Brasil. E o clube tem uma ligação umbilical com Tite.
William apostou que jogando bem, com o ‘grande time’ descrito por Duílio, a ida ao Catar poderia acontecer.
Só que além de o Corinthians não conseguir resultados, William enfrentou uma situação muito difícil. Duílio Monteiro Alves apostou não só nele, mas em Róger Guedes. Duas estrelas que rendiam muito mais pelo mesmo setor: a ponta esquerda.
O ex-treinador Vítor Pereira se desgastou muito porque preferia claramente William pelo setor. E tentou escalar Guedes pelo meio, como atacante de referência, e até pela direita. Mas o rendimento não era o mesmo.
William teve a garantia da polícia de São Paulo que ele e sua família estariam protegidos, e poderiam seguir morando em São Paulo. Cássio, por exemplo, aceitou.
Mas a esposa de William, não. E o jogador analisou seu futuro. Estava perdendo muito dinheiro jogando no Corinthians. Recebia entre salários e luvas, R$ 1,5 milhão. No Arsenal, ele recebia R$ 2,8 milhões mensais.
O meia/atacante tinha ótimo relacionamento com Róger Guedes, a concorrência pela vaga na esquerda também o incomodava. Ele sabia que o elenco corintiano era desequilibrado, com dois jogadores importantes na sua posição. E faltando já em 2022, outro meia talentoso para atuar com Renato Augusto, por exemplo.
A ameaça de morte foi o principal, sem dúvida.
Mas o fracasso esportivo acabou sendo muito importante.
William voltou à Inglaterra ao sair do Corinthians.
Seu contrato com o Fulham caminha para o fim.
Aos 34 anos, não tem certeza que o clube britânico quer a renovação. Ele deseja. Mas já visualiza a ida para os Estados Unidos ou Oriente Médio.
Mas para o Brasil não volta.
Nem depois do final da carreira…