Douglas Luiz ouve o cantor e compositor brasileiro Mumuzinho a caminho dos treinos, mas não demorou muito no Aston Villa para se estabelecer como uma verdadeira estrela do rock.
Em um confronto crucial contra o Watford, em janeiro de 2020, Luiz empatou o jogo no segundo tempo e imediatamente se jogou na torcida da Holte End, em um mergulho no palco que deixaria Iggy Pop orgulhoso.
“Quando mergulhei na multidão, acabei batendo as costas em uma das barreiras metálicas no caminho”, disse Luiz ao Mail Sport em uma entrevista naquele ano. “Um incidente louco, mas louco de uma maneira realmente boa e satisfatória.”
Naquela época, o brasileiro estava se encontrando como jogador da Premier League e não estava claro se ele teria o impacto desejado nesse nível.
Avançando três anos, ele é a peça central do meio-campo do Villa sob o comando de Unai Emery, marcando o gol de abertura na vitória por 2 a 1 sobre o Brighton no domingo, garantindo um lugar na próxima temporada da Europa Conference League. Foi uma semana fabulosa para Luiz, que foi eleito jogador do ano pelos jogadores e pela torcida na cerimônia de premiação de fim de temporada do Villa em 23 de maio.
Assim como vários jogadores, Luiz prosperou sob o comando de Emery depois de enfrentar dificuldades para encontrar ritmo durante as últimas fases do infeliz reinado de Steven Gerrard.
Gerrard frequentemente o usava como o jogador mais recuado em seu meio-campo de três homens, o que limitava seus instintos ofensivos. Luiz é eficaz em ambas as funções, mas fica mais feliz quando pode contribuir para o jogo ofensivo.
O gol do jogador de 25 anos contra o Brighton foi o exemplo perfeito disso. Quando Jacob Ramsey encontrou espaço pela esquerda, Luiz estava posicionado perfeitamente, perto da marca do pênalti, e direcionou o passe para o fundo das redes de Jason Steele. A preferência de Emery por um sistema 4-4-2 tem trazido o melhor de Luiz, mostrando sua versatilidade.
Quando ele está emparelhado com John McGinn, a prioridade de Luiz é manter a defesa segura. Quando Boubacar Kamara está no time titular, Luiz tem mais liberdade.
Desde que se mantenham livres de lesões, espere que Kamara e Luiz sejam uma das melhores duplas de meio-campo central do país na próxima temporada.
Luiz tem se beneficiado das instruções claras de Emery e de sua atenção detalhada. Quando o basco assumiu o comando, cada jogador foi convocado individualmente para seu escritório e mostrado, por meio de vídeos no iPad, exatamente o que seria exigido.
Emery viu em Luiz um jogador que poderia contribuir efetivamente para seus planos ofensivos. O gol contra o Brighton mostrou o quão certo ele estava. As melhores equipes de Emery contavam com dois meio-campistas centrais fortes e com técnica segura – Daniel Parejo e Etienne Capoue eram a base de seu time do Villarreal, Steven N’Zonzi, Grzegorz Krychowiak e Stephane Mbia ocupavam esses papéis em suas escalações do Sevilla. Luiz e Kamara parecem ser os sucessores perfeitos.
Com os principais clubes em busca de meio-campistas centrais neste verão, o Villa ficará aliviado por ter amarrado Luiz a um novo contrato de longo prazo em outubro passado, o que o colocou em destaque na folha salarial do clube, mais próximo dos principais ganhadores Philippe Coutinho e Emiliano Martinez.
Tanto Coutinho quanto Luiz foram desenvolvidos no clube carioca Vasco da Gama – embora em momentos diferentes – e são amigos próximos. Luiz ainda está no radar de clubes da Liga dos Campeões, e uma campanha bem-sucedida só aumentaria o interesse por ele.
O técnico do Arsenal, Mikel Arteta, conhece Luiz desde sua época na comissão técnica do Manchester City e fez três propostas por ele no último verão. O Villa manteve sua avaliação em £40 milhões e Luiz assinou seu novo contrato algumas semanas depois.
O herói de infância de Luiz foi o compatriota brasileiro Ronaldinho, um dos maiores jogadores da história. O papel de Luiz pode ser um pouco mais discreto, mas a estrela do rock do Villa está começando a fazer muito barulho.