Diretoria do Corinthians só ameaça. Não pode romper com as organizadas. É refém. Precisa delas para seguir no poder – Prisma – Zonatti Apps

Diretoria do Corinthians só ameaça. Não pode romper com as organizadas. É refém. Precisa delas para seguir no poder – Prisma


São Paulo, Brasil


“O Corinthians vai repensar também a relação com as organizadas. Tivemos dez dias com manifestações de alas diferentes, tem eleições no clube e nas torcidas.


“O Corinthians não vai ser prejudicado por isso.


“Sabemos da responsabilidade e do trabalho que tem que ser feito para o Corinthians subir no Brasileiro. Daí para violência é algo muito grande.”


Essa foi a promessa do presidente Duilio Monteiro Alves depois da vitória do Corinthians diante do Santos, na quarta-feira.


O desabafo foi uma satisfação pública aos jogadores e ao técnico Vanderlei Luxemburgo, que se viram acossados por membros das organizadas, assim que a delegação chegou ao litoral, ainda na última terça-feira (20), para o clássico.


O ônibus foi cercado e os jogadores e a Comissão Técnica ameaçados, xingados. O veículo foi socado, chutado.



O coro era pesado e ameaçador.


“Elenco c…, desce do busão.”


Temendo agressões, a ordem de Duilio foi retornar a São Paulo. Na dia seguinte, o time chegou à Vila Belmiro protegido por policiais. 


Protegido da própria torcida.


Mas os dias passaram.


Duilio teve tempo para pensar e repensar.


Mas não houve rompimento.


Nem formal nem informal.


Nem haverá.


Porque a ligação entre as organizadas e a ala que comanda o Corinthians desde 2007 é umbilical. O grupo se denomina Renovação e Transparência. Há 16 anos.


Andrés Sanchez foi um dos fundadores da Pavilhão Nove.


Os líderes da Gaviões da Fiel sempre tiveram livre acesso ao clube. Influenciando a contratação e, principalmente, a saída de treinadores e jogadores.


Duilio não pode ser reeleito.


A não ser que seja mudado o estatuto do clube, situação que não acontecerá por desagradar seu mentor e homem que o colocou no cargo, Andrés Sanchez.


André Luz Oliveira, conselheiro vitalício e parceiro de muitos anos de Sanchez, espera ser o indicado. Está “na fila” há pelo menos três eleições. E, até agora, tudo leva a crer que chegou a sua vez.


A oposição, encabeçada por Augusto Melo, se estruturou. Ganhou força com os fracassos recentes do Corinthians. E tem real possibilidade de vitória.



O apoio das organizadas tem potencial para ser decisivo na eleição. Há inúmeros membros que são sócios do clube, com direito a voto.


Vanderlei Luxemburgo, muito vivido e esperto, sabe muito bem que foram membros das organizadas que cercaram o ônibus do Corinthians na terça-feira.


Mas ele não pode “comprar briga” abertamente para não prejudicar o grupo de Duilio Monteiro Alves.


No seu raivoso desabafo após a vitória contra o Santos, ele teve todo o cuidado de não citar as organizadas.



“Não tinha falado sobre o episódio do ônibus e nosso retorno para São Paulo porque o foco era o jogo, mas agora tenho de falar. A decisão de voltar foi tomada com o presidente, em conversa por telefone e por bom senso com as crianças, mulheres e idosos que estavam no hotel e poderiam se ferir numa confusão. Voltamos e descemos hoje com a polícia fazendo nossa segurança. Jogamos e ganhamos no campo.


“Precisamos de paz.


“Pressão ou porrada não faz ganhar, o que faz ganhar jogo é trabalho.”


Só que as organizadas do Corinthians seguem prometendo cobrar o time.


Depois da eliminação da Libertadores, há o medo real do rebaixamento da equipe.


Não há confiança total no time nem no trabalho de Luxemburgo.


A pressão continuará.


E Duilio seguirá irmanado com a torcida.


Rompimento significaria fazer seu grupo dar adeus ao poder, depois de 16 anos.


A eleição seria perdida seis meses antes…


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