A Cinemateca Portuguesa, em parceria com a Festa do Cinema Francês, exibe 30 obras do cineasta, entre 2 e 30 de novembro.
“Louis Malle – O Rebelde Solitário”, é o título da retrospetiva que a Festa do Cinema Francês dedica ao realizador Louis Malle (1932-1995), em parceria com a Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema, e que cobre um arco de quatro décadas da carreira do realizador, permitindo conhecer, ou rever, cerca de 30 títulos da sua extensa filmografia.
A partir de 2 de novembro, a Cinemateca Portuguesa exibe longas, curtas-metragens e documentários de Malle, que começou a carreira como ajudante de Jacques Cousteau, com quem realizou o documentário “O Mundo do Silêncio” (1956), primeira longa-metragem rodada debaixo de água a ter distribuição comercial e que recebeu a Palma de Ouro no Festival de Cannes.
Já a solo na realização, estreia em 1958 “Os Amantes”, uma obra fundamental na sua carreira, protagonizada por Jeanne Moreau, e que escandalizou meio mundo pela liberdade e ousadia com que Malle se atreveu a filmar o adultério e uma cena de sexo, nunca vista em cinema.
Em 1960 cria a comédia “Zazie no Metro”, baseada no livro de Raymond Queneau e, em 1962, “Vida Privada”, com Brigitte Bardot e Marcello Mastroianni nos principais papéis, sobre o mundo do cinema e o “star-system”.
A sua quinta longa-metragem é Fogo Fátuo (1963) sobre um homem de 30 anos que vive numa instituição psiquiátrica, depois dos últimos anos de dependência alcoólica e que, embora aparentemente recuperado, não consegue subir à tona – “cai pelas falhas da história”, como escreveu um crítico sobre o filme – e põe de facto termo à sua vida.
Malle realizou dezanove longas de ficção e vários documentários (“Calcutta”, “Place de la République”), curtas documentais (“Bons Baisers de Bangkok”, “Vive le Tour”) e ainda uma minissérie para a televisão francesa sobre a Índia, intitulada “L”Inde Fantôme”.
Em 1976, Louis Malle muda-se para os Estados Unidos da América e realiza “Menina Bonita” (1978) com Susan Sarandon e Brooke Shields. Segue-se “Atlantic City, USA” (1980), “My Dinner with Andre” (1981), “Crackers” (1984) e “Alamo Bay” (1985).
Numa última viagem profissional a França, dirige, em 1987, “Adeus Rapazes”, que lhe valeu o Leão de Ouro no Festival de Veneza e o prémio da crítica em França, uma história autobiográfica da sua infância, passada numa escola católica e a amizade com um menino judeu levado pela Gestapo. Segue-se “Os Malucos do Maio” (1990).
Depois de “Relações Proibídas” (1992), que realizou em Londres, Malle termina a carreira em Nova Iorque, com um filme de teor quase experimental, “Vanya, 42e Rue” (1994), onde capta, num teatro em ruínas, uma leitura/encenação da obra “Tio Vânia”, de Anton Tchékov.
A Festa do Cinema Francês, realiza-se de 26 de outubro a 20 de novembro em dez cidades portuguesas e integra a Temporada Portugal-França 2022, uma iniciativa que pretende fortalecer os laços entre os dois países.