Praticar corrida pode ter o mesmo efeito no combate à depressão e à ansiedade observado com o uso de antidepressivos, mostrou um estudo apresentado nesta sexta-feira (6) no 36º Congresso do Colégio Europeu de Neuropsicofarmacologia, em Barcelona, na Espanha.
O trabalho foi o primeiro a comparar o efeito dos antidepressivos com exercícios de corrida para os quadros de depressão e ansiedade, que estão entre os mais prevalentes na população mundial.
O time da professora Brenda Penninx, da Universidade Vrije, na Holanda, selecionou 141 pacientes com depressão e/ou ansiedade.
Foi oferecida a eles a possibilidade de tomar um antidepressivo (escitalopram) ou participar de uma corrida em grupo — 45 escolheram a primeira opção, e 96, a segunda.
Os membros do grupo que optou pelo antidepressivo estavam ligeiramente mais deprimidos do que os que escolheram correr.
Os participantes que tomaram escitalopram o fizeram por 16 semanas, o mesmo período em que foram mantidas as corridas de 45 minutos, duas ou três vezes por semana.
A taxa de abandono foi maior no grupo do exercício físico, no qual 52% se mantiveram. Já 82% dos que tomaram o remédio concluíram o protocolo.
Ao final, os pesquisadores constataram que cerca de 44% dos participantes dos dois grupos apresentaram alguma melhora nos quadros de depressão e ansiedade.
Eles observaram, porém, que o grupo que optou pela corrida teve melhorias no peso, circunferência da cintura, pressão arterial e função cardíaca.
Por outro lado, os indivíduos que tomaram antidepressivo tiveram uma tendência para uma leve deterioração desses marcadores metabólicos.
“Este estudo deu às pessoas ansiosas e deprimidas uma escolha da vida real: medicação ou exercício”, comenta Brenda.
Segundo a pesquisadora, uma alternativa não invalida a outra, sendo possível conciliar o uso de antidepressivo, quando prescrito por um médico, e a atividade física.
“É importante destacar que há espaço para ambas as terapias no tratamento da depressão. O estudo mostra que muitas pessoas gostam da ideia de fazer exercícios, mas pode ser difícil seguir em frente, mesmo que os benefícios sejam significativos.”
Ela acrescenta que “os antidepressivos são geralmente seguros e eficazes”, mas que é preciso “expandir nosso arsenal de tratamento, pois nem todos os pacientes respondem aos antidepressivos ou estão dispostos a tomá-los”.
“Nossos resultados sugerem que a implementação da terapia de exercícios é algo que devemos levar muito a sério, pois pode ser uma boa — e talvez até melhor — escolha para alguns de nossos pacientes”, finaliza.
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