Sucesso do Bragantino, vice-líder do Brasileirão, não é por acaso – Esportes – Zonatti Apps

Sucesso do Bragantino, vice-líder do Brasileirão, não é por acaso – Esportes


Na perseguição ao Botafogo, líder do campeonato brasileiro, uma equipe vem se destacando pela regularidade, e sem tantos holofotes, e se coloca de vez na briga pelo título.


Após vitória de virada sobre o Palmeiras no último fim de semana, o Red Bull Bragantino chegou aos 45 pontos, alcançando a segunda colocação do torneio.



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O clube, comandado pelo treinador português Pedro Caixinha, conta com um elenco jovem à disposição. Na última partida, apenas dois jogadores, Aderlan e Eduardo Sasha, tinham mais de 30 anos.


Mas engana-se quem pensa que este sucesso recente do time de Bragança Paulista veio do acaso, ou por sorte.


A história do Bragantino mudou a partir de 2019, quando a Red Bull, empresa austríaca de bebida energética, que investe amplamente no esporte, desembarcou na cidade do interior paulista, e fez uma parceria com a então direção do clube, por anos comandada pela família Abi Chedid. Em troca de (muito) dinheiro, passou a gerir o futebol do clube.


De lá para cá, o clube faz parte de um conglomerado da empresa, que detém o controle de mais quatro clubes, sendo dois na Áustria, um nos Estados Unidos e outro na Alemanha.


Se até 2018 o tradicional clube era um mero figurante na segunda divisão, hoje o Braga é uma das dez maiores folhas salariais do país, com gasto estimado em mais de R$ 10 milhões por mês.


A boa campanha até aqui deixa o Braga com 86% de chance de se classificar para a Libertadores do próximo ano, segundo estatística da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).



Sandro Orlandelli, que trabalhou como diretor técnico do Bragantino entre o início de 2020 e fim de 2022, e viveu desde ameaça de rebaixamento até um vice-campeonato de Sul-Americana, avalia como natural a evolução do clube. Ele acredita que os resultados fazem parte dos processos implementados.


“O desafio foi implementar uma cultura em um país que tem também uma cultura já estabelecida como é o Brasil. Tínhamos que criar a filosofia própria que não fugisse das ideias da empresa, a agressividade técnica que vem do Salzburg e do Leipzig [outros clubes do grupo]. Com um futebol mais reativo, em que se joga em cima de pressão, para roubar a bola e ir em direção ao gol”, afirma o gestor, que pondera a dificuldade de explicar para os ‘mandachuvas’ da empresa as adaptações necessárias para o Brasil.


“Porém, entendíamos que no futebol brasileiro há o talento, o jogador tem uma facilidade, uma naturalidade, o conforto com a bola e a criatividade. Nós inserimos esse perfil no clube e mostramos para os gestores maiores, os austríacos e os alemães, de que isso funcionaria bem no Brasil”, explica ele. 


“Passamos por várias situações adversas, principalmente riscos de rebaixamento, e não abrimos mão da filosofia do conceito da convicção que tínhamos. E o clube já colhe os frutos do que foi implementado”, completa.


A manutenção do treinador Pedro Caixinha é uma prova que o discurso da direção segue sendo aplicado. No primeiro semestre do ano, o Bragantino foi eliminado na semifinal do paulista para o modesto Água Santa, e foi eliminado da Copa do Brasil logo na segunda fase para o Ypiranga-RS, após derrota por 3 a 1.


Apesar da pressão pela demissão, o português foi mantido, o trabalho evoluiu, e os resultados apareceram. 


Dívida cresceu mais de 1.000%



O clube não divulga com detalhes o  balanço financeiro, o que dificulta as análises sobre a saúde econômica do Toro Loko. No entanto, o relatório Convocados 23, divulgado pela Galapagos Capital e pela Outfield, mostra que a dívida líquida do clube, ao final da temporada de 2022, era de R$ 526 milhões.


Em 2019, o débito era de R$ 43 milhões, um aumento estrondoso, justificado pelo volume de contratações. A intenção foi transformar um time que disputava a série B para um time com projeto ambicioso.


O que joga a favor do Bragantino é que praticamente toda a dívida do clube é com a empresa controladora, que, na última temporada, aportou 74% da receita adquirida.


Além de manter o desempenho em campo, o desafio é deixar o clube mais próximo de um modelo autossustentável. E, assim, diminuir a dependência da matriz austríaca.


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