Uma das maiores vozes da música brasileira foi homenageada com um filme que estreará nos cinemas na próxima quinta-feira, dia 12. Estrelado por Sophie Charlotte, o longa-metragem Meu Nome É Gal retrata uma época muito importante na vida e carreira de Gal Costa. O ESTRELANDO não só já assistiu à produção dirigida por Dandara Ferreira e Lô Politi, como também participou de uma coletiva de imprensa com o elenco e direção da obra.
Durante a conversa com os jornalistas, Sophie refletiu sobre os desafios de interpretar o ícone da MPB, como foi o processo de estudo e qual mensagem gostaria de passar sobre a vida e obra de Gal Costa.
– Foi um processo longo e de muitas camadas, entendimento, decantando a voz, a obra dela, as influências de cada amigo e a relação pessoal tiveram na vida dela, foram relações muito profundas. Fui entendendo, me aproximando da Gal, do que sabemos dela e do que não sabemos, desse mistério que a acompanha, dessa sensibilidade. Talvez o nosso filme também conte um pouco, através dos olhos da Gal, como ela viveu aquele momento, como ela transitou e absorveu tudo que estava acontecendo e transformou na sua obra, na sua arte. Se colocou no mundo de forma tão definitiva, tão revolucionária e firme. O nosso intuito era realmente prestar uma homenagem respeitosa à altura dela, mostrando como que uma artista consegue se expressar de maneiras não tão necessariamente verbais, mentais, não só através de um discurso claramente politizado na palavra, mas na atitude também, no corpo, nas escolhas.
No filme, a atriz mostra sua habilidade vocal ao soltar a voz e cantar músicas da icônica artista. Ela contou que foi um desafio encarar essa responsabilidade.
– Essa parte musical foi uma grande responsabilidade, porque é a voz de cristal. Mas se tratando de mais de biografia, de ficção, temos algumas para nos inspirar, estudar e entender qual seria a escolha do nosso time nessa nossa pequena sala. Isso porque as minhas diretoras me deram essa possibilidade, essa honra de estar participante nesse processo e aprendendo muito sobre o trabalho que dá você tirar um sonho do lugar de sonho e realiza lo. E hoje ele será lançado. A parte musical fui mergulhando. Sempre amei cantar, mas no meu canto estava a distância imensa e fui me aproximando. E chegou o momento.
Ela ainda brincou sobre como cantou muito em casa durante a pandemia e adicionou que queria preservar a memória de Gal, que teve sua voz presente em alguns momentos do longa-metragem, que alternava o canto dela com o de Sophie.
– Por conta da pandemia, foi um momento muito de isolamento. Chegou uma hora que eu precisava compartilhar com alguém para saber o que estava acontecendo, porque o meu chuveiro já não aguentava mais. Minha vizinha, coitada. Daniel [de Oliveira] também foi muito importante nesse processo e também o pensamento. O filme do Cazuza também tem mistura de vozes e eu achava muito interessante esse embalar, porque existe uma coisa que é insubstituível, que é a memória de cada um de nós construirmos fonogramas originais da Gal com a respiração dela.
A diretora Lô Politi explicou melhor sobre a decisão de manter a voz de ambas na obra:
– A gente estava muito tentada àquela catarse, realmente. Tudo começou com esse projeto porque somos uma parte da nossa Gal. A gente quis fazer algo diferente porque não tinha nada que a gente estivesse desesperado. E aí tem uma coisa que ela [Sophie] começa cantando, né? Ela está na primeira cena do filme, ela cantando lá no Fatal. E aí a gente está falando disso para o cinema de uma certa maneira. Ela é um contrato com o espectador. A gente está assim: Olha como ela canta. E ela canta muito. A partir daí, tudo bem, tem ela tentando pegar o cantando, tem uma transição de uma coisa para outra. A gente nem gosta muito de dizer o que é, aonde, a transição, porque existe a transição. Acho que essa mágica dela acontece no filme e é bom que se tenha, mas ela é muito complementar no final das contas.
Em seguida, Sophie completou:
– Mas eu também preciso dizer que respeito e sei dessa distância de uma mais que a outra e que por ser ficção, é como se a gente fizesse também o exercício de lembrar que estamos brincando de ser, né? E quem vem assistir o nosso filme também dá um passo em direção a querer topar essa ficção conosco. Acho que é uma decisão bacana.