Estudo alerta para necessidade de doses de reforço contra Covid-19 – Notícias – Zonatti Apps

Estudo alerta para necessidade de doses de reforço contra Covid-19 – Notícias


Um estudo sobre a efetividade da vacina monovalente original contra a Covid-19 comprovou uma recomendação já divulgada e defendida por especialistas em imunizações e pelo Ministério da Saúde, mas ainda não seguida por parte dos residentes no Brasil: a dose de reforço é essencial para proteger contra a doença. A estimativa é que 84% da população no país ainda não tenha recebido uma dose de reforço da vacina monovalente ou bivalente contra a Covid-19.


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Para os pesquisadores, apesar de relevante, a proteção de duas doses de vacina monovalente original da Pfizer/BioNTech é de curta duração contra a Covid-19 sintomática causada pela variante Ômicron. Conforme o estudo, a efetividade da vacina monovalente original da Pfizer/BionNTech contra infecção sintomática pela variante é de 54%. A potencial proteção das duas doses contra as variantes Ômicron BA.1 e BA.2 alcança 58% e 51%, respectivamente.


A pesquisa foi realizada na cidade de Toledo, no Paraná, entre 3 de novembro de 2021 e 20 de junho de 2022, pelo Hospital Moinhos de Vento, com o apoio da farmacêutica Pfizer Brasil, em parceria com a Universidade Federal do Paraná, a Inova Research e a Secretaria Municipal de Saúde. Foi analisado o comportamento da Covid-19 em um cenário em que a cobertura de imunização contra a doença havia sido de 90% nas 4.574 pessoas acima de 12 anos que participaram da amostra.


O estudo destacou ainda que a maior proteção foi notada no período após o recebimento das duas doses, com queda da capacidade de proteção contra infecção sintomática com o passar do tempo. Para os pesquisadores, isso seria um indicativo da necessidade das doses de reforço e também das formulações adaptadas para assegurar cobertura às mais recentes variantes da Ômicron em circulação.



O médico epidemiologista do Hospital Moinhos de Vento Maicon Falavigna, coinvestigador principal do estudo, contou que a efetividade foi alta após a vacinação inicial, mas diminuiu substancialmente de três a quatro meses após a segunda dose. Na visão do pesquisador, a queda na proteção da vacina monovalente original pode ter relação com a mudança do perfil epidemiológico verificado na circulação das variantes. Além disso, pode refletir uma limitação no controle da doença à medida que novas variantes evoluem e a maioria das populações ainda não atingiu a cobertura necessária com as doses de reforço. “Contudo, isso não significa necessariamente que a vacina perdeu efeito contra formas graves da doença”, assegurou.


O médico acrescentou que uma evidência da manutenção da elevada proteção da vacina contra as formas graves de Covid-19 é a baixa ocorrência de hospitalizações e mortes associadas à doença na população da pesquisa.


O estudo defende a importância da aplicação das doses de reforço da vacina contra o SarsCoV-2 e a manutenção da vigilância em relação ao comportamento da doença na população e da evolução do vírus. Além disso, os pesquisadores reforçam a necessidade de adoção de vacinas adaptadas com componentes da variante Ômicron.


De acordo com o pesquisador principal do estudo e médico do Serviço de Medicina Interna do Hospital Moinhos de Vento, Regis Goulart Rosa, as informações coincidem com os dados de pesquisas de mundo real conduzidas em outros países, como os Estados Unidos e a Inglaterra. Na avaliação do médico, o Brasil precisa ter uma alta cobertura vacinal com as doses de reforço.


“Quanto mais pessoas com a imunização completa, menor será a circulação do vírus e menores serão as chances e a velocidade do surgimento de novas variantes, o que aumenta a proteção da população como um todo, principalmente das pessoas mais vulneráveis”, destacou Regis Goulart Rosa.


A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) deu, em julho deste ano, o registro definitivo da vacina bivalente baseada na plataforma tecnológica de mRNA da Pfizer/BioNTech, que contém o componente contra a variante Ômicron na sua formulação. O registro definitivo garante a aplicação desse imunizante, que está disponível no SUS (Sistema Único de Saúde), como dose de reforço para pessoas a partir de 5 anos.


No entendimento dos pesquisadores, o ponto forte do estudo é ser “um dos únicos feitos de maneira prospectiva, acompanhando em torno de 3,5% da população da cidade de Toledo após uma intensa campanha de vacinação que resultou em coberturas vacinais maiores de 90%. Além disso, todos os casos identificados foram acompanhados clinicamente por pelo menos 1 ano, com objetivo de avaliar potenciais impactos a longo prazo da Covid-19 ”. Esses dados permanecem em análise.


A diretora médica para Vacinas de Covid-19 da Pfizer para Região de Mercados Emergentes, Júlia Spinardi, disse que a farmacêutica considera extremamente relevante fortalecer a pesquisa nacional e entender os efeitos da imunização contra a Covid-19 na população brasileira.


“Estudos que avaliam a utilização da vacina na vida real vêm sendo feitos em todo mundo e são fundamentais para o entendimento das estratégias vacinais e medidas de controle da pandemia. É muito importante colocar o Brasil nessa rota e ter dados do próprio país que apontam a necessidade das doses de reforço”, afirmou.


O reitor da UFPR (Universidade Federal do Paraná), o professor Ricardo Marcelo Fonseca, comemorou o fato de a instituição ser pioneira no estudo científico e de saúde pública realizado em parceria com a Pfizer em Toledo. “Este trabalho é único em sua abordagem, monitorando toda a população após uma campanha de vacinação bem-sucedida, também com auxílio da UFPR. Os dados levantados nesta pesquisa impulsionarão avanços significativos em estudos científicos futuros”, observou.


Vacinação


A imunização em Toledo começou em janeiro de 2021, destinada a públicos prioritários. Sete meses depois, em agosto de 2021, foi realizada uma campanha de vacinação em massa que usou a vacina monovalente original da Pfizer/BioNTech, no esquema de duas doses administradas com 21 dias de intervalo. Fornecida pelo PNI (Programa Nacional de Imunizações) à Secretaria Municipal de Saúde, essa vacina foi aplicada em todos os indivíduos acima de 12 anos não imunizados. O município foi responsável por vacinar os habitantes e fazer a manutenção do sistema de vigilância.


A secretária municipal de Saúde, Gabriela Kucharski, considerou um marco Toledo ter sido, à época, a única cidade brasileira a vacinar contra a doença toda a sua população elegível. “A parceria com as demais entidades referendou um trabalho muito organizado que tínhamos em relação à administração das doses que recebíamos. A vacinação em massa demonstrou que estávamos no caminho certo”, declarou.


Para a pesquisa, a pasta recebeu uma remessa de 35.173 doses do imunizante para completar a aplicação da primeira dose tanto na população adulta, acima de 18 anos, como em adolescentes de 12 a 17 anos. A resposta ao imunizante foi avaliada num grupo heterogêneo de pessoas, com diferentes condições de saúde, idade e status socioeconômico.


Modelo do estudo


Segundo os pesquisadores, o município de Toledo, que tem 144 mil habitantes, foi escolhido a partir de critérios como “região geográfica favorável, epidemiologia demonstrando estabilidade do número de casos e circulação de variantes, estrutura física para realizar a vacinação e capacidade do sistema de vigilância estabelecido na cidade”.


Os pacientes foram classificados pelos pesquisadores entre os que tiveram teste positivo para a infecção (grupo casos) e os com teste negativo (grupo controle). A média de idade dos participantes do estudo ficou em 27,7 anos. Entre eles, 53,8% eram mulheres. Nenhuma hospitalização nem morte foi registrada no período analisado.


A população acima de 12 anos e na faixa etária entre 5 e 11 anos foi acompanhada. Também foi avaliada a evolução clínica dos grupos ao longo do tempo, após eles terem apresentado a doença. De acordo com o estudo, os dados também serão avaliados na expectativa de identificar e escrever potenciais impactos da Covid-19 em longo prazo.


O resultado do estudo brasileiro foi publicado recentemente no jornal internacional Vaccine, considerado o periódico de ciência da mais alta qualidade nas disciplinas relevantes para o campo da vacinologia. “Espera-se que os novos resultados sejam submetidos a periódicos internacionais especializados até o final do ano”, indicou o texto do estudo.


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