A derrota do Brasil para a Argentina, em pleno Maracanã lotado, não foi fácil para os jogadores e os torcedores. Mas uma pessoa, em específico, pareceu estar ainda mais abalada com a partida: Fernando Diniz. O técnico ficou cabisbaixo em campo e claramente triste com a situação.
O R7 conversou com dois especialistas para entender se essa rotina estressante de Diniz, que comanda o Flu e a seleção, pode afetar a parte mental do treinador, que estará à beira do campo no Maracanã, um dia após a dura derrota. Confira também as expressões faciais do treinador durante a derrota brasileira:
Em entrevista coletiva logo após a derrota — a terceira seguida da seleção — Diniz, como fez em outros momentos da temporada, ressaltou que prefere avaliar o futebol além do resultado:
‘Eu vou falar a mesma coisa que falei quando o Fluminense ganhou a Libertadores: você não pode achar que a vida é só estatística, se ela for só estatística está tudo muito ruim. Mas se a gente analisar como um processo de mudança, de jogadores, teve muitas coisas’, declarou
João Ricardo Cozac, psicólogo do esporte, presidente da Associação Paulista da Psicologia do Esporte e do Exercício e pós-doutor em ciências do Esporte pela Universidade de São Paulo, explica que, porém, o resultado ruim pode afetar o técnico.
‘As derrotas, normalmente, abalam em menor ou maior grau os treinadores. No caso de treinadores da seleção brasileira, em que a responsabilidade acaba sendo maior do que nos próprios clubes, o abalo pode ser consideravelmente maior, sobretudo quando você tem um início de trabalho muito fraco, em termos de desempenho e resultado, como vem sendo com o Diniz’, afirma
Ser nomeado treinador da seleção brasileira é uma das maiores honrarias possíveis para um treinador. O ônus dessa questão é a imensa pressão sobre o profissional, como vem ocorrendo com Diniz. Segundo o psicólogo, isso também pode afetá-lo.
‘Isso pode gerar, eventualmente, um abalo emocional, sem dúvida nenhuma pode haver uma decepção, um momento de tristeza, e esta questão do Maracanã, é muito difícil você desligar uma chave e ligar outra em menos de 24 horas’, afirma
Por outro lado, João Cozac ressalta que voltar ao ambiente do clube, pelo qual teve tanto sucesso neste ano e onde vive o grande momento na carreira, pode ser positivo para Diniz.
‘Se, por um lado, ele tem a decepção recente no estádio, com uma derrota doída, tem também o reencontro de um estádio com memórias muito boas. Este retorno pode ser importante para ele próprio, ultrapassar e digerir as emoções vividas com a seleção, o que certamente deve estar colocando sobre ele algumas dúvidas importantes sobre o próprio trabalho’
‘Ocupar um cargo de alta visibilidade e alta pressão por desempenho pode fazer com que o atleta ou treinador se mantenha constantemente em situação de estresse, o que pode colaborar para uma maior desregulação emocional, sintomas psíquicos diversos e maior risco de desenvolver transtorno mental’, opina Flávia Zuccolotto, psiquiatra do Hospital Alemão Oswaldo Cruz
Sem tempo para esfriar a cabeça, Diniz tirou a vestimenta da seleção e vestiu a camisa grená para comandar o Fluminense, na quarta-feira (22), pelo Brasileirão. O resultado positivo, de 1 a 0 sobre o São Paulo, pode ter ajudado o técnico a diminuir o estresse. Mas a situação com a seleção brasileira ainda é tensa
Vale lembrar que, após encerrar a carreira como jogador, Fernando Diniz aproveitou para se preparar profissionalmente em sua nova etapa, e além de treinador, se formou em psicologia, em 2012. Diversos jogadores que trabalharam com ele já ressaltaram o lado humano do treinador e elogiaram a forma dele de trabalhar a parte mental do atleta