O diretor-geral da Organização Mundial de Saúde, Tedros Adhanom, disse que há conversa da OMS com a Fiocruz e o Instituto Butantan para acelerar a produção de vacinas no Brasil. Na segunda-feira (5), Tedros já havia dito que o Brasil pode ser um fornecedor do imunizante da dengue.
A declaração foi dada nesta quarta-feira (7) no lançamento do programa Brasil Saudável – Unir para cuidar do Ministério da Saúde.
“Temos trabalhado com o Brasil sobretudo em matéria de vacina. Essa pauta de vacinas será importante na medida em que o Brasil tem enorme capacidade nesta matéria. A OMS também vem trabalhado com o Instituto Butantan com vista a explorar uma nova via de colaboração para acelerar a produção local de novas vacinas”, disse.
Na segunda, o presidente Lula (PT) e Tedros também falaram sobre uma possível parceria na produção da vacina contra a dengue, tanto do Butantan quanto da Fiocruz. Para o diretor da OMS, o Brasil pode ser um fornecedor do imunizante.
Segundo o diretor-geral da OMS, há um ressurgimento global da doença. O surto de dengue atual faz parte de um grande aumento em escala global, com mais de 500 milhões de casos e mais de cinco mil óbitos relatados ano passado em 80 países de todas as regiões do mundo.
A ministra da Saúde, Nísia Trindade, se reuniu no sábado (3) com Esper Kallás, diretor do Instituto Butantan, e Mario Moreira, presidente da Fiocruz. O objetivo foi viabilizar parceria estratégica visando aumentar a produção de vacinas de dengue no Brasil.
Com o suporte do Ministério da Saúde, a Fiocruz somará esforços para aumentar a produção da vacina da farmacêutica Takeda. Na outra frente, a pasta garantiu o apoio à aprovação final do imunizante em desenvolvimento pelo Instituto Butantan.
“Estamos muito voltados para ampliar a oferta dessa vacina específica, da Takeda, para isso me reuni com diretores da Fiocruz e do Instituto Butantan, e também para utilizarmos o tempo de modo que a vacina do Butantan tão logo for possível possa integrar esse calendário. Na situação de emergência, a vacina não deve ser vista como instrumento mágico, porque precisa de duas doses, em um intervalo de três meses, além do que já foi amplamente divulgado de que, neste momento, a oferta pelo laboratório é restrita, o que não dá condição de vacinação mais ampla”, disse no evento.
Na ocasião, a ministra disse que neste momento não faz sentido decretar uma emergência nacional Brasil.
“Nós estamos com uma coordenação das operações de emergência, neste momento essa é a estratégia que consideramos adequada. Temos que ver que um país com as dimensões do Brasil, diferenças socioambientais, regimes de chuva, neste momento não faz sentido uma emergência nacional o que não quer dizer que não estamos num estado de alerta, de preocupação nacional”, disse.
De acordo com a ministra, as mudanças climáticas terão impacto não só em dengue, mas em várias outras doenças transmitidas por vetores. A saúde pública vai requerer cada vez mais uma vigilância cotidiana e também uma preparação para possíveis emergências.
Nísia chegou a dizer na semana passada que o momento é de cuidar e de prevenir. Ela tem afirmado que que vacina para a dengue não é a solução, mas uma aliada no enfrentamento da doença.
“A vacina não é uma solução para esse momento de surto de dengue porque é uma vacina aplicada em dois momentos com intervalo de três meses. Nós estamos falando de uma situação de grande número de casos”, completou.
A pasta vai disponibilizar as doses da vacina para 37 regiões de saúde que estão distribuídas em 16 estados e o Distrito Federal, priorizando aqueles com alta transmissão da doença e incidência do sorotipo 2 do vírus.
A previsão do governo é vacinar cerca de 3,2 milhões de pessoas de 10 a 14 anos.
O Ministério da Saúde informou que chegaram em janeiro as primeiras 750 mil doses da vacina, que serão oferecidas pelo SUS (Sistema Único de Saúde).
Durante o evento, o Ministério da Saúde lançou uma política governamental que propõe a eliminação, em todo o território brasileiro, de 14 doenças ou condições de transmissão vertical determinadas socialmente como problemas de saúde pública, como doença de Chagas, malária, tracoma, filariose, esquistossomose, HIV, hanseníase, hepatites virais.
Neste sentido, o Ministério da Saúde e outros 13 ministérios vão atuar em diferentes frentes, como foco no enfrentamento à fome e a pobreza; ampliação dos direitos humanos e a proteção social para populações e territórios prioritários.
A partir dessas diretrizes, a expectativa é que os grupos mais vulnerabilizados tenham menos risco de adoecimento e que as pessoas atingidas por essas doenças e infecções possam realizar o tratamento de forma adequada.