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exposição em SP decepciona visitantes

A exposição Mundo Pixar chegou a São Paulo com a promessa de ser um evento imersivo, que levaria os fãs das animações do estúdio em uma viagem por dentro das queridas histórias. Aberto de terça a domingo, no estacionamento do Shopping Eldorado, a atração está com os ingressos esgotados até o dia 23 de outubro, quando fechará as portas. As entradas variavam de R$ 60 e R$ 100.

No entanto, o fato de os horários estarem todos preenchidos está longe de ser sinônimo de satisfação dos visitantes. Pouco tempo depois da estreia, em 20 de julho, reclamações começaram a surgir nas redes sociais acusando o evento de não ter entregue o que prometia.

Uma das vertentes de divulgação da exposição foram os perfis de influenciadores digitais, que estiveram no local antes do mesmo ser aberto ao público e desfrutaram de uma experiência bastante diferente da que tem sido relatada.

Na data, inúmeras fotos foram feitas mostrando os convidados interagindo de perto com estátuas de personagens como Sulley e Mike, de “Monstros S.A”, Buzz e Woody, de “Toy Story”, e vários outros. Nas redes sociais, registros quase profissionais dos influenciadores abraçados com as propriedades da Pixar.

No entanto, quando Mundo Pixar abriu para o público em geral, a recepção não foi tão positiva. Robson Felipe, 27, contou a Splash que não gostou da visita.

“A experiência foi bem ruim. Acho que os pontos negativos são: você não pode tocar em nada, as pessoas que estão trabalhando lá ficam em cima para você nem ao menos encostar em algo da decoração, sendo que essa decoração é muito ruim.”

“Na maioria das salas, era só uma lona com os desenhos impressos. Existe uma interação mínima, que nem funciona. A interação na sala do filme UP – Altas Aventuras’ é ridícula. Encontrar um balão?”.

Outra reclamação de Felipe foi quanto à interatividade prometida. “Nenhuma das salas teve uma interação com a tela, com um joguinho, um boneco da Pixar, sei lá, para as crianças brincarem. Inclusive, elas foram as que mais odiaram porque só ficaram vendo, não podiam tocar em nada. Virou um passeio só para adulto que quer publicar no Instagram.”

“Joguei meu dinheiro fora e não indico a ninguém ir lá. Fui com dois casais e os mesmos têm a mesma opinião. Não investiram em quase nada, foi tudo impresso em lojas e colados nas paredes, é bizarro”, concluiu.

Procurada por Splash a respeito das críticas dos frequentadores, a organização do Mundo Pixar não quis se posicionar.

A insatisfação também foi sentida por Natália Malini, 31, que ficou decepcionada logo quando começou a tentar ir ao Mundo Pixar.

“O que me decepcionou primeiro foi a dificuldade para conseguir ingressos. Segundo, a pouca quantidade de cenários e menos ainda interação. Alguns dos cenários quase sem nada inclusive pra ver. A expectativa talvez seriam mais opções. Os próprios cenários para foto eram difíceis pois não podia chegar perto o suficiente.”

Além das instalações, Malini falou da loja que há na saída, apenas com produtos licenciados da Pixar. “Na lojinha entendo os preços, mas chateada com a falta de acessibilidade em tamanhos, por exemplo.”

Andressa Fugazza, 39, disse que toda a frustração aconteceu por estarem esperando um evento igual ao vivido pelos influenciadores.

“Quando rolaram os spoilers, antes da estreia, foram alguns convidados ‘ilustres’, desde jornalistas, a youtubers e tiktokers. A exposição tem o seu encanto, ela te envolve. No começo, você assiste a um vídeo e baixa um aplicativo para poder ter uma maior interatividade – o que foi nos avisado em cima da hora.”

Andressa Fugazza não conseguiu tirar a foto que queria pois a fita atrapalhou

Imagem: Andressa Fugazza/ Acervo Pessoal

“Eu fiquei indignada. A gente pensa que vai ter uns bonecos para te receber, mas não tem. E você entra e não pode encostar nos toldos. Você pode encostar nos toldos, só. O boneco está isolado, você não pode chegar muito perto. Eu sou muito fã de ‘Monstros S.A.’ e não pude ficar ao lado dos personagens do jeito que eu queria, para fazer diferentes ângulos e brincar. Sem contar a superlotação. Porque é muita gente para tirar foto, junta tudo no mesmo lugar. Fiquei tão chateada que não poderia encostar, que eu nem esperei. Fiz tudo em 15 minutos de tão decepcionante que foi.”

“Eu falo que é uma propaganda enganosa porque os influenciadores, convidados do evento que não pagam, vão lá para divulgar e devem ter sido pagos para isso.”

Influenciadores

A influenciadora Alice Aquino, 30, foi uma das convidadas da abertura do evento. Procurada por Splash, ela afirmou que não foi paga para fazer propaganda do lugar. “Fomos convidados para conhecer a exposição, mas não teve dinheiro envolvido pra falar X ou Y.”

“Quando a gente foi, a exposição estava com algumas restrições mas estava bem livre para tirar fotos e vídeos e eu me diverti bastante.”

Parte do público também gostou. Para Valter Oliveira, 56, a experiência foi boa, mas ele acredita que o grande sucesso de público se deu à “carência de São Paulo de ter bons eventos.”

Aqui, acreditamos que qualquer coisa está bom.

O que fazer?

Frequentadores do Mundo Pixar foram ao Reclame Aqui, site que reúne queixas de consumidores a respeito de produtos e serviços, para se queixar do evento. “Não recomendo essa exposição”, diz um.

“Não tem nada de interatividade, não pode tocar em nada, os personagens estavam isolados com cordão de isolamento (as fotos ficaram péssimas – e foi uma propaganda enganosa, já que nas fotos dos influencers que foram contratados para divulgar a exposição, não havia isolamento nos personagens). Fui com uma criança de 4 anos que detestou, não tem nada para crianças fazerem”, disse outro.

O advogado Anderson do Patrocínio explicou que, “para você exigir um direito de reparação, precisa provar de maneira concreta o prejuízo ou dano sofrido, seja ele material ou moral”. Para o defensor, a dificuldade no caso de eventos como esse seria “provar algo que fica mais no campo da subjetividade.”

“Há quem alegue que os influenciadores tiveram outra experiência, o que poderia se enquadrar em propaganda enganosa caso quiséssemos dar certa elasticidade a esse conceito”, diz Anderson. “Essa alegação está relacionada de maneira inerente à expectativa individual, algo muito difícil de ser quantificado e de fato provado em juízo.”

“Para casos de risco mais imediato ou prejuízo facilmente mensurável, a situação fica mais favorável. Como exemplo para isso, podemos pensar na hipótese de alguma instalação representar riscos à saúde ou segurança das pessoas”, concluiu.

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