Novo lançamento da Netflix, Vizinhos (2022) estreou na plataforma na quinta-feira (1º) e rapidamente chegou na primeira posição do top 10 de filmes do serviço. A trama reúne Leandro Hassum e Maurício Manfrini como dois vizinhos de porta que entram em constante conflito.
Na pele do certinho Walter, Hassum interpreta o protagonista do longa. Após sofrer um colapso nervoso pela rotina estressante do trabalho, ele segue uma recomendação médica e deixa o Rio de Janeiro com a mulher, Joana (Júlia Rabello), para buscar sossego em uma cidade pequena. Ao chegar lá, ele conhece Toninho (Manfrini), morador da casa do lado que é mestre de bateria de uma popular escola de samba e sem qualquer noção de convivência.
No início, é fácil se identificar com os problemas de Walter. O risco de vida causado pelo estresse o leva a necessidade de viver em uma realidade mais pacata, sem ser afetado pelos problemas da cidade grande. Quando Toninho entra em cena, a falta de pudor do malandro para fazer barulho e organizar festas de arromba faz com que a raiva do personagem de Hassum seja mais do que compreensível.
O “problema” é que, no decorrer da narrativa, o público aprende a se afeiçoar não apenas a Toninho, como também a toda a sua família. Com isso, as implicações de Walter vão se tornando corriqueiras e chatas. Algo que, para alguns, pode transformar o protagonista mais em vilão do que herói.
Em bate-papo com jornalistas do qual a Tangerina participou, Leandro Hassum confessou que a sua maior preocupação no roteiro era fazer com que a empatia por Walter permanecesse. Na sua visão, era fácil começar a ver o personagem como o chato da vez, e não o vizinho barulhento.
“Quando eu fui ler o roteiro, a coisa que mais me preocupava era ele [Walter] ser um cara mala, um cara chato, o vizinho mala que não gosta de barulho. Como eu transformo ele em herói? Tem que pensar nos personagens, né, em ele ser o herói da história. Pensar em qual é o heroísmo dele. E esse heroísmo é o problema de saúde dele. Um problema auditivo e que ele tem a infeliz coincidência de se mudar para ao lado de um mestre de bateria de escola de samba”, explicou o ator.
“Ele pode ter um grave problema por isso, então acho que a empatia do público junto ao Walter vem desse lugar. E vai vir também de modo que todos já tivemos um vizinho ao lado que estava fazendo uma obra, aquele barulho que nos acorda cedo ou o que resolveu fazer uma festa até tarde. E nós só queríamos um momento de paz. Então, minha construção [do personagem] foi baseada muito em cima dessa identificação do público.”
Apesar de interpretarem personagens muito distintos no filme da Netflix, Hassum e Manfrini compartilharam características semelhantes de convivência social na vida real. Questionados, eles revelaram com qual personagem do longa eles mais se identificam fora da ficção.
“Cara, tirando o bigode de Sr. Flanders [personagem de Os Simpsons], eu sou totalmente o Walter na minha vida. Eu sou mais o cara do silêncio, moro em uma região totalmente silenciosa. Eu moro em uma chácara. Eu adoro barulho, adoro a cidade grande, mas na vida pessoal eu sou um amante do silêncio tremendo”, contou Hassum.
“Eu também sou completamente Walter, cara. Eu moro no meio do mato, então quanto menos barulho –que não seja da natureza–, eu quero ficar longe. Fico longe de tumulto, então eu sou muito o Walter. Por isso, o Toninho foi um caminho muito diferente até do meu dia a dia, já que na minha rotina eu sou o Walter todos os dias”, completou Manfrini.
Toninho (Maurício Manfrini) e Walter (Leandro Hassum)
Divulgação/Netflix
Liberdade no streaming
Famosos por trabalhos com humor, Leandro Hassum e Maurício Manfrini construíram carreira na TV aberta. Enquanto o primeiro foi funcionário da Globo durante anos, o segundo marcou época no SBT como o personagem Paulinho Gogó, destaque de A Praça é Nossa.
Fora da TV tradicional, a dupla de comediantes é consciente das limitações que a programação destas emissoras impõem aos seus artistas. Por isso, eles valorizam a liberdade que encontram ao fazer trabalhos para o cinema e o streaming.
“Cada veículo tem sua particularidade. Eu acho que quando temos que trabalhar em TV aberta, o nome já responde por si. Não importa o horário, você liga em qualquer canal e há alguns limites e restrições. Quando vamos para o cinema, nós temos uma liberdade muito grande. Quando vamos para o streaming, temos uma liberdade ainda maior. E a Netflix faz isso com muita maestria, não é à toa que é a número um”, disse Hassum.
“Eu sou muito honrado em fazer parte deste time da Netflix justamente por conta disso. A partir do momento que você tem um cardápio em sua casa e ele é personalizado, você consegue dar sequência a todos os tipos de coisas que você gosta. E a Netflix faz isso de forma muito bacana. Ela sempre é pautada com base no que o público quer, seja na TV, no cinema, nos palcos ou na dublagem”, finalizou.