O desequilíbrio entre a alta intensidade do movimento e os curtos intervalos de descanso, insuficientes para o nível da fadiga, é apontado como um dos fatores em alerta nesse estudo acadêmico do Centro Universitário de Brasília (CEUB)
Amanda Karolyne
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Alteração dos níveis de testosterona e cortisol aumentam as chances de lesões em quem pratica CrossFit. Uma pesquisa do CEUB indica que o exercício físico pode levar os praticantes a sofrerem lesões musculares e articulares graves.
O CrossFit é um exercício que se tornou popular no universo fitness ao longo dos anos, e se bem orientado, traz inúmeros benefícios à saúde do praticante, com risco reduzido de doenças crônicas. Ele pode trazer a melhora da qualidade de vida e saúde mental, além da diminuição da taxa de doenças crônicas, como diabetes, câncer, artrite e doenças cardiovasculares. Porém, por conta dos movimentos de alta intensidade, os praticantes podem sofrer lesões musculares e articulares graves.
Responsáveis pela pesquisa, as estudantes do curso de Educação Física do CEUB, Lívia Alves e Marcela Seixas, analisaram os fatores epidemiológicos prevalentes na lesão muscular causada pelo treinamento de alta intensidade. No estudo, elas analisaram os níveis hormonais de testosterona e cortisol em repouso e após a realização de um protocolo de CrossFit em 14 mulheres, de 25 a 45 anos, que praticavam o CrossFit. Para a medição, foi adotado o programa de treinamento Wod Cindy, que consiste na execução do máximo de séries possíveis em 20 minutos.
Como resultado, veio a redução significativa da testosterona e o aumento do cortisol. O que, no pós-exercício pode ser um alerta na ocorrência das lesões durante a atividade física, mas não significa risco. Isso porque o caráter anti-inflamatório do cortisol propicia a redução de lesão. Dessa forma, a força muscular e amplitude de movimento se mantém com integridade, em comparação com uma musculatura sujeita a inflamação.
Segundo o professor de Educação Física e Medicina do Ceub, Dr. Alessandro de Oliveira Silva, orientador da pesquisa, esse tema, tanto para a área da Medicina , como para a Educação Física, é de suma relevância, devido ao crescimento do número de participantes no esporte. Ele mesmo é praticante há cinco anos, e sempre foi uma área de estudo de seu interesse. De acordo com ele, diversas evidências científicas apontam que a elevação nos níveis de cortisol e a diminuição dos níveis de testosterona após o treinamento, são indicadores de sobrecarga de esforço, mas não necessariamente de Overtraining, que poderia levar a um tipo de lesão. “Devemos entender que a pesquisa foi realizada com apenas uma das diversas combinações de exercícios físicos que o Crossfit proporciona, então neste caso, com esta amostra, obtivemos resultados que demonstram que apesar da sobrecarga, não houve um risco de lesão”, explica.
Alessandro elabora que o “Wod Cindy” consiste em fazer o máximo de séries possíveis desta sucessão de exercícios: 5 pull ups, 10 push ups e 15 squats em 20 minutos, sendo assim, ele afirma que os resultados poderiam ser diferentes com outras combinações de exercícios. Ele acredita, que quando o exercício físico for bem orientado, onde cada indivíduo realize dentro de suas capacidades da aptidão física, ele poderá trazer inúmeros benefícios à saúde do praticante, com um risco reduzido de causar algum tipo de lesão.
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Para as pesquisadoras, o que motivou a escolha do tema, foi a divergência de literaturas envolvendo a segurança do Crossfit e os níveis hormonais relacionados à atividade, que confundem a ocorrência das lesões com a prática segura do exercício. “Novos estudos mostram-se necessários para avaliar a alteração do estado catabólico para o anabólico, assim como estudos para esclarecer outras variáveis hormonais, ampliando o conhecimento dessa área, que demonstra constante aumento de interesse por atletas”, comenta Marcela.