Sucesso desde a década de 1970, o seriado Chaves se tornou a mais brasileira das obras feitas no exterior. Produzida pela emissora mexicana Televisa, a série conta a história de um garoto de rua que mora em uma humilde vila repleta das mais variadas e engraçadas figuras possíveis. Cheio de humor e piadas criativas, Chaves conseguiu unir a América Latina ao redor da televisão para se entreter com a trapalhadas do menino pobre, mas de bom coração, que trazia como ponto comum aos países latino-americanos a simplicidade de uma infância em um país em crise. Partindo daí, não importava se a série era ambientada no México ou no interior do São Paulo. Todos eram capazes de se identificar com as situações retratadas na telinha.
Neste domingo (26), porém, um levantamento confundiu alguns fãs. Em agosto de 2022, diversos portais e sites comemoraram os 50 anos de Chaves. Houve, inclusive, a produção de documentários e especiais que aqueceram o coração dos fãs, que desde o início da pandemia não têm mais como assistir aos episódios na TV ou nos streamings. Entretanto, diversas páginas voltadas à produção de conteúdo exclusivamente sobre o Chaves estão celebrando os 50 anos de Chaves. Então, afinal de contas, Chaves tem 50 ou 51 anos? Palma! Palma! Não priemos cânico! O CinePOP vai te explicar!
No final dos anos 60, Roberto Gómez Bolaños era um roteirista promissor e aspirante a ator que ganhava a vida escrevendo esquetes para um programa de fim de semana que tinha nada menos que oito horas de exibição na grade do canal 8. Ao pensar e criar esquetes de humor com cerca de meia hora de duração, Roberto, mais conhecido como Chespirito, fez seu nome com um humor afiado e acessível. Com o passar do tempo, seus quadros passaram a ser conhecidos como “Chepiritadas”. Delas, a esquete mais famosa era “La Mesa Cuadrada”. Apresentada por María Antonieta de las Nieves, o show reunia os personagens Doutor Chapatín (Bolaños), Professor Girafales (Rubén Aguirre), el Ingeniebrio Ramón Valdés y Tirado Alanís (Ramón Valdés) e o Capitão Costa Del Mar (César Costa) ao redor de uma mesa quadrada para responderem e sacanearem cartas com perguntas que os telespectadores mandavam para o estúdio. O programa se tornou um fenômeno e logo passou a se chamar Los Supergenios de la Mesa Cuadrada.
O sucesso do quadro foi tão grande, que logo ganhou espaço próprio na programação e virou um programa de esquetes próprio chamado Chespirito. Nesse contexto, com um programa próprio dedicado a suas criações, Roberto lançou alguns dos mais icônicos personagens da história da televisão da América Latina, como o Chapolin Colorado e o Pancada Bonaparte. Dentre esses, em março de 1972, surge uma esquete tímida de um garoto pobre discutindo com um vendedor de balões. Ali nascia El Chavo Del Ocho, ou na tradução literal: O Menino do Oito. O próprio Roberto interpretava o garoto, enquanto coube a Ramón Valdés (o Seu Madruga) fazer o vendedor. Por muitos anos, acreditava-se que a estreia do Chavinho havia acontecido em 1971, mas em um trabalho fantástico de pesquisa do pessoal do Fórum Chaves, foram encontradas entrevistas em que o próprio Roberto afirmava ter criado o Chaves para substituir as esquetes do Pancada Bonaparte, que acabou após a saída de Rubén Aguirre.
Assim, a esquete do Chaves fez sucesso e ganhou vida própria. Em meio a um humor mais adulto, quis o destino que justamente a inocência cativasse a públicos de todas as idades e de vários países diferentes. Dessa forma, em 26 de fevereiro de 1973, há exatos 50 anos, Chaves deixou de ser uma esquete e passou a ser um programa independente e se tornou esse fenômeno amado por milhões até os dias de hoje. Então, esclarecendo a dúvida inicial, 2022 marcou os 50 anos da criação do personagem Chaves, enquanto 2023 marca os 50 anos da série Chaves.
Infelizmente, para os fãs do Brasil, a série teve sua exibição vetada em 1º de agosto de 2020, no ápice da pandemia, por culpa de uma briga judicial entre a Televisa e o Grupo Chespirito, acerca dos direitos dos personagens e dos direitos de imagem de Roberto. Até 2022, a proibição se alastrou para outros países e atualmente, país nenhum do mundo está autorizado a exibir legalmente os episódios da série. Em defesa dos fãs, a atriz e viúva de Roberto Bolaños, Florinda Meza, a Dona Florinda, pressiona a justiça mexicana há mais de dois anos para que algo seja feito e o mundo possa sorrir novamente com as obras imortais do Pequeno Shakespeare mexicano.
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