Cantora brasiliense concedeu entrevista ao JBr e deu detalhes sobre a canção e a carreira
A brasiliense Talíz cresceu ao redor da música. O pai, que era cantor quando mais novo, foi um grande influenciador na sua carreira. Criada em Samambaia, começou a cantar ainda pequena, em festas de família e eventos escolares. Durante a adolescência, passou a cantar na igreja, onde ficou por muitos anos até ingressar no R&B, ritmo que embala as letras da cantora hoje.
Talíz imaginava o seu futuro desde jovem. A cantora, que se inspira em grandes artistas como Beyoncé, Lauryn Hill, Bruno Mars e Tim Maia, busca se tornar uma fomentadora do gênero R&B no Brasil, que, além ser extremamente internacional, ainda é um grande mistério. A artista sabe que o desafio é grande, mas, nesta sexta-feira (10), dá mais um passo nesta caminhada ao lançar o single “Encosta em Mim”.
Além do single e do clipe, produzido pelo canal Ceilandwood, Talíz idealizou um evento de lançamento no domingo (12), na Infinu (506 Sul). Em entrevista ao JBr, Talíz conta detalhes da nova música, entre vários outros assuntos. Confira o bate-papo na íntegra:
Com uma carreira independente, Talíz já lançou algumas produções como seu primeiro single “Pode me Ligar” em colaboração com a gravadora Ceilanwood. Além da carreira solo, Talíz já gravou em parceria com outros artistas: Paulo Amaro, Realleza, Markão Aborígine, Israel Paixão, Tchelo Gomez, Kiaz e Nith com quem fez o feat “Eu faço” que conta com mais de 420 mil players.
Jornal de Brasília: como foi seu início?
Talíz: Eu comecei a cantar muito nova, por influência do meu pai. Ele era cantor quando mais novo e a gente costumava brincar no karaokê. Em festas da família sempre tinha muita roda de samba, todo mundo cantava, batia na palma da mão, pegava um instrumento. No início da minha pré-adolescência, eu comecei a cantar na igreja, cantei durante muitos anos. Foi minha primeira experiência de palco com banda, instrumentos e microfone. Depois dos 18 anos eu passei a trabalhar com música, cantando em casamentos. De lá, comecei a cantar em alguns restaurantes e, em 2018, eu lancei o meu primeiro trabalho autoral, chamado “Pode me Ligar”. Depois de um tempo, fui participando de festivais locais, fazendo eventos particulares e lançando outras autorais.
A sua proposta como artista é representar a cena cultural de raízes negras no DF. Sendo uma mulher negra, quais dificuldades você encontrou e encontra pelo caminho?
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A maior dificuldade sempre foi me enxergar nesse mercado da música fotográfica brasileira, eu não conseguia me enxergar nesse espaço. No auge dos anos 2000, estava muito em alta na cena internacional os videoclipes com muitas mulheres pretas, era época de Destiny’s Child, Ciara, Rihanna, as girlbands… Eu não via o mesmo na música brasileira. Lembro-me que tinha a Negra Li e as meninas da série “Antônia” e eu achava o máximo, mas era muito pouco.
A minha identidade artística vem sendo construída a partir desse olhar que eu tive nessa época da minha infância para o cenário internacional. Ainda é desafiador imaginar a minha própria personalidade artística, sabendo da realidade do nosso país. Mas fico muito feliz em ver que as coisas têm mudado. Nos últimos anos, eu tenho consumido muito os sons de IZA e Ludmilla, que são artistas que têm conquistado esse espaço e que me mostram formas alternativas de como pensar em ser artista nesse contexto nacional. E sabendo de todos os desafios que é ser uma mulher preta, não só para um artista, mas em qualquer carreira que a gente venha a seguir, sempre vai ser desafiador fazer o que a gente faz.
Como uma cantora de R&B, você acredita que o gênero está bem representado atualmente?
Eu sempre escutei R&B internacional e contemporâneo. Sinto que fora do mercado brasileiro, é um gênero muito bem estabelecido, mas aqui ainda é um desafio por uma série de fatores. Já começa pelo nome, que é uma sigla de um nome inglês. Quando você fala, as pessoas demoram a entender, a gente precisa citar algumas músicas e cantores. Mas o que eu tenho escutado da cena do R&B é muito bom, temos artistas muito bons.
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Sobre “Encosta em Mim”, como está sendo desenvolver esse novo trabalho?
Esse é um projeto no qual eu já vem trabalhando há muito tempo. Eu escrevi “Encosta em Mim” em 2020 e iniciei o processo de produção da música no estúdio em 2021. Em 2022, eu comecei a viver uma angústia muito grande, porque eu tinha várias ideias e vários projetos, incluindo “Encosta em Mim”, que eu queria muito concluir, mas eu não estava conseguindo me articular. Tinha toda a questão do recurso financeiro e todas as problemáticas que envolvem em ser artista independente. Isso foi me deixando muito frustrada em vários momentos, pensei em parar, em desistir, mas eu sabia que eu tinha algo muito bom para mostrar, e é essa música que está sendo lançada agora.
O lançamento é hoje (10), mas eu já canto ela em apresentações ao vivo há um tempinho, e em todas as vezes que eu apresento essa música, os feedbacks são positivos. Estava muito ansiosa para lançar, botar no mundo, mas precisei passar por um processo de amadurecimento — e ainda tenho passado. Isso tem refletido a forma como eu enxergo meu trabalho.
Eu não posso deixar de citar o Artur, que é o produtor musical de “Encosta em Mim”. Acho que esse é um dos meus melhores single, e muito disso se deve a ele, o processo de composição acontece junto com o produtor. Essa música tem um potencial gigante, é uma música que eu gosto muito. A produção dela no estúdio foi muito gostosa de fazer.
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O que o seu público pode esperar para o show de lançamento do dia 12 na Infinu?
Olha, é um show de muita personalidade, acho que essa é uma boa definição. Vai ter a Curto Groove, que é a banda que sempre está comigo. Eles têm essa pegada muito forte do groove, do black music. Vai ter muitas autorais, mas também vai ter covers que a gente faz do nosso jeito, como por exemplo “Olhos Coloridos”, da Sandra de Sá.
Sobre seus próximos passos na música, o que você tem pensado em criar para o futuro?
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Essa é uma pergunta que eu sempre tenho um medinho de responder, porque eu sempre planejo o que o que fazer, mas aí a vida dá uma mudada. O momento está muito bom para um lançamento que estava programado para dezembro. Tenho planejado alguns singles, parcerias com artistas locais e nacionais. Talvez venha um trabalho mais amarradinho, maior, mais completo. Quem sabe um EP, um álbum menor… são possibilidades.
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